Quem nunca deixou pra depois uma obrigação que tinha que fazer? Confesso que luto contra esse hábito de esticar os prazos, deixando de lado o que é mais complicado e procurando coisas mais prazerosas para fazer desde muito jovem, às vezes chegando ao limite de acabar me prejudicando com isso, num ciclo tenso e sem fim.
Você sabe que esse hábito tem nome, procrastinação e faz parte do dia a dia de muita gente. Alguns acham que procrastinar é apenas fruto da preguiça, da falta de vontade momentânea de realizar algo, mas não é bem assim. Pesquisadores defendem que a procrastinação é a lacuna entre a intenção e a ação, ou seja, por trás da procrastinação há um desejo de fazer algo, mas que é vencido pelo desejo de fazer outra coisa, diferente da preguiça, que nem gera um desejo. Saiba, então, que procrastinar é a ação de adiar algo ou prolongar uma situação com o intuito de obter bem-estar, esquivando de algo que sentimos como negativo.
Tendemos a procurar o bem-estar em coisas prazerosas, mas essa sensação é apenas imediata, conforme as demandas vão se acumulando, esse pequeno gesto de deixar pra depois, que parecia tão inofensivo, acaba fugindo do controle. E, com isso, várias emoções negativas vêm à tona, como frustração, culpa, incapacidade, insegurança e por isso, podemos dizer, sem medo, que procrastinação está diretamente ligada a nossa saúde mental.
Saiba que o ato de procrastinar não é, por si só, de todo mal. Mesmo não sendo um hábito incentivado pelos especialistas, seu completo oposto, a pré-crastinação, ou seja, a produção que mais se assemelha à de uma máquina, com o desejo de iniciar uma tarefa imediatamente e terminá-la o mais rápido possível, também não é a única alternativa adequada ao mercado de trabalho e à vida. O equilíbrio pode ser a resposta, desfrutar de pausas ao longo do dia e dispor de momentos de lazer ou de relaxamento têm seu valor e são fundamentais para a manutenção do bem-estar físico e mental, e da qualidade de vida.
Se a resposta é o equilíbrio, porque não conseguimos encontrá-lo?
Quando entendi melhor as causas da procrastinação foi mais fácil encontrar essa resposta.
O professor Piccini, em seu texto “Por que procrastinamos? E como resolver isto?” (1) nos conta como o professor Dr. Piers Steel, da Escola Haskayne of Business, no Canadá identificou, em um estudo de 10 anos sobre a procrastinação, alguns de seus principais motivos:
Isso mesmo, tarefas chatas são uma das principais causas da procrastinação, porque exige fazer algo sem vontade.
Pessoas impulsivas são aquelas que não aguentam esperar por muita coisa, querem a recompensa na hora.
Hoje em dia vivemos em uma sociedade onde tudo quer nos chamar a atenção e com a Web isso se amplia.
Esse é o mais óbvio, se não estiver motivado não conseguirá completar nenhuma tarefa. A motivação é controversa. Pode gostar de algo e mesmo assim não estar motivado para fazer. Por isso é importante saber o que o motiva. (1)
Sabendo disso, aqui vão algumas dicas que experimentei para lidar com a procrastinação:
Primeiro é importante reconhecer que você está procrastinando, se não reconhecer, como sair dela? Afinal, sabemos que não é apenas falta de tempo, mas sim, a dificuldade em gerenciar as emoções.
Depois pare! Não faça nada! Muitas vezes o procrastinador troca uma atividade que tem que realizar por outra mais prazerosa, então não ligue a TV, não entre nas redes sociais, não ligue para os amigos e há uma possibilidade de acabar realizando sua tarefa.
Que tal também quebrar a tarefa em pequenos afazeres, assim você diminui a pressão e a reação negativa sobre ela.
Outra atitude que você pode tomar é reduzir as distrações, por exemplo dificultar o acesso a ela, você vai perceber que essa pequena manobra pode ajudar na hora de continuar com sua tarefa.
E por fim, a vida é feita de escolhas e lidar com as recompensas a curto e a longo prazo é uma delas, dê-se uma oportunidade e experimente o resultado de sua escolha. Afinal, acabei descobrindo que nada é mais prazeroso do que dar aquele check final ✔ numa tarefa.